Bruma

Bruma hilbersongilo 23 de junho de 2022

Bruma

A cada minuto o mundo se reveste de mudanças e com elas as dificuldades de enfrentamento. Não tem sido fácil encontrar o caminho ideal para as populações que  sofrem e ficam perplexas diante das intempéries de toda sorte: políticas, climáticas, de ordem sanitária, econômica e comportamental. Crises de angústia, ansiedade, medos convulsivos, TOCs. O noticiário aponta, como forma de garantir a audiência, notícias  escabrosas, escancarando as feridas sociais, como a  fome, doenças, miséria, inundações, incêndios, assaltos, assédios, chagas que nunca cicatrizam, principalmente em certos países. Naqueles ditos desenvolvidos, observa-se o crescente número de isolamento massivo, gente falando só, gente se isolando cada vez mais, gente se voltando para as tecnologias de forma assustadora, onde o telefone representa um terceiro braço, um terceiro olho e ouvido! Crianças, jovens e idosos concentrados nas redes, nas lives, nas mensagens, nos anúncios, nos games. Gente que não curte mais gente! Gente que tem dificuldades para confiar, acreditar, aceitar, compartilhar, repartir e se solidarizar!

Os observadores de plantão, os pesquisadores metódicos, os amantes da alma humana se perguntam sempre: por onde estão as possibilidades de entendimento e alinhamento da humanidade para a paz, a pacificação e o apoio coletivo em prol de avanços humanitários? Quando em respostas positivas o homem passa a acreditar na sua sobrevivência para além das dificuldades, do  momento atual e para além deste século. O momento urge, pede que cada um se debruce mais e mais na visão longa, para além muros, atravessando as fronteiras.

Afunilando o olhar para um universo mais próximo, o do nosso país, estamos diante de turbulências que saltam aos olhos: desemprego, empobrecimento acelerado da classe média, exacerbação de preços de gasolina, alimentos, habitação, mendicância e uso de menores em situação de rua, baixo nível de  rendimento de alunos em todos os níveis do ensino, desrespeito aos indígenas, suas terras e cultura, destrato às questões ambientais, políticas públicas pouco claras. E, concomitantemente, há a exacerbação das lutas, das armas, de valorização entre os jovens nos contatos ditados pelas tecnologias em redes, repletos de notícias fakes, de memes, de mentiras descabidas, das diversões alienantes, do uso de linguajares empobrecidos e cacoetados, do modismo e dos amores líquidos que se desfazem sem argumentações. 

Nesta bruma representada pelas evidências citadas, estamos nós, em necessidade urgente de um olhar contemplativo para as nossas capacidades enquanto humanos. Possivelmente, precisamos aprender a trabalhar com mais humildade e sensibilidade, com a velha sensatez e esperança de acreditarmos uns nos outros e no que temos de melhor em nossa essência, de ungirmos nossos corações com a benevolência e a solidariedade para que possamos deixar um legado firme para um futuro melhor.

Profa. Criseida Alves Lima

Conselheira Acadêmica da UniJaguaribe

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