Este tema é por sua própria natureza instigante. Muitos não fazem uma apologia ao respeito mas são ávidos em cobrá-lo! Em todas as culturas, o respeito passa pela aquiescência de uma determinada sociedade a certas normas e dogmas. O Estado, com suas leis e decretos, orienta os cidadãos sobre o que é permitido, o que é aceitável ou não. E, pelas sanções, pune aqueles que se desviam das orientações.
No contexto atual, é muito importante compreender a dimensão desta palavra quando se fala em redes, grupos e interações, compreendendo que cada pessoa, diante da convivência com os seus pares, tem o seu mapa mental e por ele segue orientações de conduta sobre o que ou quem deve seguir, de preferência voluntariamente: orientações sobre o Estado, instituições religiosas, pessoas específicas ou grupos sociais. Cada indivíduo, a seu modo, se orienta consciente ou inconscientemente sobre o que pode ou deve ser praticado. O passaporte para aprovação do comportamento humano será inegavelmente a prática das orientações escolhidas, como um salvo-conduto para prosseguir em clima de paz e harmonia, seja grupal ou social.
O respeito entre pessoas depreende, de um lado, a demonstração de exemplos e atitudes dignificantes e, do outro, a leitura de respostas confiáveis, com tolerância e aquiescência. No sentido mais amplo, o respeito é permeado por orientações claras e assertivas, simples e objetivas. Quem compreende as mensagens declaradas pressupõe um sentido louvável para o exercício de certas práticas, considerando o que elas podem trazer de representativo, que oferecem soluções ou que se dirigem a objetivos, seja lá de onde vier.
Respeito entre as pessoas pressupõe empatia, já que o outro é diferente de mim. É compreender diferentes visões, apesar de não se concordar com os mesmos pontos de vista; é ser tolerante com as diferenças, banindo manifestações egoísticas ou de vaidades exacerbadas. É ter compaixão pela dignidade alheia, zelando para preservá-la. Impossível falar de respeito quando se desqualifica o outro, se nega o outro de todas as formas.
Para que haja o exercício do respeito é necessário a cada indivíduo trabalhar-se nas suas dificuldades internas. As experiências de infância ou do passado nem sempre são satisfatórias na construção da autoestima de alguém, deixando marcas e bloqueios para ver a realidade sem deformá-la.
De vez em quando, cabe a cada pessoa se perguntar: Como vejo o outro? Como encaro as receitas sobre o que é melhor para mim ou para a sociedade? Como me manifesto diante da vida? Respeitar é construir uma relação de proximidade, é não ignorar propostas e colocações. Mas ainda, é posicionar-se e ser sincero sem machucar o outro, estabelecendo conexões verdadeiras. O verdadeiro valor do respeito é reconhecer que, muito além de nós, do que percebemos e acreditamos, existem diferentes caminhos para as trilhas da vida, propostos e anunciados por pessoas dignas, e que serão escolhidos pelo livre arbítrio de cada um.
Profa. Criseida Alves Lima
Conselheira Acadêmica da UniJagauribe