Abraços

Abraços Rafael Lima 12 de agosto de 2022

Abraços

Como é bom registrar os olhares e as falas das crianças. Por vezes, a espontaneidade vem carregada de motes e inspirações para uma boa reflexão. E assim ocorreu quando uma criança falou para a sua avó sobre o comportamento dos macacos. Ela destacou um  filhote correndo para abraçar a mãe quando, sob o seu olhar vigilante, o pequenino tentou subir um degrau e escorregou. Rapidamente, a mãe o resgatou e ele, em ato contínuo, a abraçou.

Entre os humanos a palavra pode ter vários significados, e quando nossas mentes se ocupam com a resolução de inúmeros comandos, tarefas e problemas, a palavra abraçar torna-se importante, significativa e impulsionadora! Na verdade, só os tolos não percebem a grandeza e a força do abraço. Sim, pois o abraçar não apenas estará entre braços, mas com o significado de acatar, aceitar, reforçar, aproximar, e mais importante, conceder, permitir e consentir que ideias, pessoas e causas cheguem até nós, oferecendo um passaporte para podermos sentir o gosto do conforto, da aceitação e do amparo, que vem com a ideia de que não estamos sós, de que somos percebidos com um valor e que há a possibilidade imensa de conexão, de troca, de aprendizagem, e porque não dizer, de amor.

Em tempos de guerra, relatam as histórias que as pessoas passaram por sofrimentos cruéis, de perdas, desapegos, sofrimentos físicos, morais e mentais. A brutalidade emocional, escancarada ou velada, muitas vezes não é objeto das mídias, pois a comunicação de massa pretende sempre passar, repassar, focar e direcionar no que possa  chamar mais a atenção de seus diversos públicos. E, às vezes, fica de forma subliminar questões e histórias vividas, sentidas e acumuladas por décadas. Uma construção feita é rapidamente arrebatada e desconstruída. Mas os credos, as ideologias, as riquezas, as aparências não resolvem e nem apagam o estado de carência interior de cada ser. E aí chega um abraço. Simples assim, que dispensa falações, discursos  e explicações.

O abraço que reconhece vitórias e derrotas, carências e vulnerabilidades, com a força e a potência de um vulcão, para dizer de forma pragmática que você está muito vivo e que não está só. Que é reconhecido e que chegar perto é também dizer: venha, conte comigo, eu lhe reconheço!

Nesses tempos tão dinâmicos, corridos, recheados de tecnologias, a comunicação digital vira point para que o outro seja visto, mas jamais substituído pelo calor de um abraço. Portanto, mais que uma simples reflexão, atentemos para as possibilidades de oferecer o nosso abraço: a causas difíceis, a pessoas que muitas vezes cruzam os nossos caminhos carregando os seus medos e os seus sonhos, e a pensamentos diferentes dos nossos. Esses também precisam de abraços. E não descartemos a possibilidade de abraçar mais aqueles que são próximos, mesmo que sejam potentes, fortes, dinâmicos e ágeis. Estes, às vezes, são os que precisam mais de abraços, pois as suas dificuldades não são reconhecidas rapidamente. A inteligência emocional faz com que tais pessoas controlem as suas dores, mas elas precisam de abraços, muitos abraços, com o significado de “vá em frente” e “você pode”!

Portanto, não postergue o seu abraço. Aja! Deixando de lado preconceitos e senões para,  cotidianamente, exercitar a sua sensibilidade. Abrace!

Criseida Alves Lima
Conselheira Acadêmica UniJaguaribe

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